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“Quanto mais filmes podemos ver, mais vemos os mesmos filmes.” Jean-Michel Frodon
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Artigo originalmente postado em SAPO MAG (http://mag.sapo.pt/cinema/atualidade-cinema/artigos/festa-do-cinema-italiano-filme-do-dia-amigos-amigos-telemoveis-a-parte?pagina=2)
Num dos melhores momentos da Competição da Festa do Cinema Italiano, o estreante Marco Danieli apresenta “La Ragazza del Mondo”, um drama que mergulha numa família profundamente religiosa e afilhados aos Testemunhas de Jeová.
No centro da história está Giulia (Sara Serraiocco), uma jovem inteligente e brilhante em Matemática que, no entanto, vive sob estreita vigilância dos seus pares familiares e crentes. Nada poderia ser mais oposto de Libero (Michele Riondino), sem emprego e acabado de sair da prisão por tráfico de drogas.
Parece uma relação impossível mas, muito melhor do que meramente explorar os dois extremos, Danieli extrai faíscas de um intimismo intenso onde os julgamentos morais, de ambos os lados, estão ausentes.
Artigo originalmente postado em SAPO MAG (http://mag.sapo.pt/cinema/atualidade-cinema/artigos/festa-do-cinema-italiano-filme-do-dia-amigos-amigos-telemoveis-a-parte)
O título original, “Perfetti Sconosciuti” [Perfeitos Desconhecidos] remete para uma ideia simples mas repleta de possibilidades: e se, de repente, um grupo de velhos amigos reunidos num jantar pusesse o seu telemóvel em cima da mesa de forma a que os outros tivessem acesso a todas as mensagens e telefonemas durante um certo período?
O realizador Paolo Genovese, bem-sucedido em termos de público e crítica no seu país, teve há quatro anos exibido por cá o igualmente entusiasmante “Una Famiglia Perfetta”, com ponto de partida e estrutura semelhante – embora num registo mais cómico.
Através da construção de personagens, direção de atores e diálogos, Genovese vai mantendo a tensão no pico enquanto vai desconstruindo toda a hipocrisia (necessária…?) dos laços afetivos e sociais que unem instituições como a família, no primeiro caso, ou simplesmente um grupo de amigos aqui.
Ajuda ter um naipe de atores da 'primeira liga' italiana: Valerio Mastrandea, Edoardo Leo, Alba Rohrwacher, Marco Giallini, Anna Foglietta, Giuseppe Batiston, Kasia Smutniak...
O título nacional, por seu lado, nivela a inteligência e a acutilância do filme por baixo ao associá-lo a comédias formulaicas que normalmente se escondem por trás destas denominações 'engraçadas'.
Por portas travessas, no entanto, pode funcionar para atrair um público, ainda que desavisado, que este filme merece – pois dificilmente vai dececionar qualquer que seja o perfil do espectador,
Entre as distinções recebidas estão o Prémio do Júri no Festival de Tribeca (Nova Iorque), e as de Melhor Filme e Melhor Argumento nos 'Óscares italianos', os David di Donatello.
Sem dúvida é um filme que me despertou interesse ...