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“Quanto mais filmes podemos ver, mais vemos os mesmos filmes.” Jean-Michel Frodon
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Em “Ciao Ciao”, logo a abrir, a mãe da protagonista estabelece: “fazer dinheiro é tudo o que importa nestes dias”. Se tal constatação não surpreende ninguém no Ocidente há muito, muito tempo, os cineastas chineses não parecem conformar-se. Ou, pelo menos, não cessam de registar com perplexidade o movimento alucinante da sua sociedade rumo ao individualismo capitalista.
O segundo trabalho do realizador Song Chuan narra a história da personagem que dá nome ao filme – vivida pela atriz Liang Xueqin. Para quem anda na busca de um lugar ao sol, o seu movimento é estranho: ela parte da cidade para a província, onde vai passar um tempo com os pais. Não há como resultar: ela entedia-se – até que começa a ver novas possibilidades, afetivas e materiais, aqui tudo aparece misturado, na atração por um local.
A escolha não é boa: Li Wei (Zhang Yu) é filho de um empresário bem-sucedido, mas gasta (muito) tempo e dinheiro em jogo, bebida e prostitutas. Vai revelar, no entanto, uma qualidade: apaixona-se genuinamente por Ciao Ciao.
Nenhuma personagem contribui para um retrato humano tão idílico quanto as paisagens verdejantes que os enquadram: da mãe adúltera ao pai tão inútil quanto ganancioso da rapariga, Song Chuan passa longe do discurso de que a “cidade corrompe”. Na pior das hipóteses, o capitalismo é que o faz – e, calor humano, só em algum lugar do passado…
Chuan utiliza a música eletrónica para criar um permanente desconforto entre os mundos urbano e rural; mais notório é o erotismo e a nudez retratados com desinibição invulgar (para o cinema chinês) no calor do verão. Será mais um sinal dos tempos…
Sem dúvida é um filme que me despertou interesse ...