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B-Movie: Lust and Sound in West-Berlin

por Roni Nunes, Sexta-feira, 19.01.18

Crítica postada em C7nema.

 

Publicado por  Roni Nunes

 

Os realizadores Jörg Hoppe, Klaus Maeck e Heiko Lange utilizaram como base um extenso trabalho de filmagem "in loco" do músico britânico Mark Reeder, feito durante os anos 80, para um ensaio sobre a cultura da cidade.

 

B-Movie: Lust and Sound in West-Berlin é um filme sobre memórias. Para quem tenha vivido muito longe da cena underground de Berlim Ocidental nos anos 80 mas adorava música indie, a conexão é pacífica. Os jovens do século XXI terão de se contentar com a evocação de um imaginário que lhes poderá parecer de outra galáxia. Ou não?

 

É muito fácil cair na nostalgia. Será inevitável? O inglês Mark Reeder, que "respirava" música antes de pegar numa câmara e filmar tudo o que encontra pela frente na cidade alemã, fala de Berlim conectada com Joy Division/New Order. Bernard Summers e companhia aparecem por lá "em pessoa"; outro momento precioso é a aparição de Nick Cave, enquanto Blixa Bargeld é uma das figuras frequentemente encontradas pelos clubes subterrâneos onde criaturas tremem e revelam-se como germes sob a luz repentina.

 

Isso tudo às vésperas de uma longeva parceria: os Bad Seeds, como se sabe, vivem e chutam. Até Christiane F. (Felscherinow, no mundo cá fora) circula por ali; Keith Haring, por seu lado, faz grafitis no muro infame. Já enquanto presença fantasmagórica mais de uma vez evocada surge David Bowie – que parece assistir orgulhoso aos filhos nascidos ou adotados de uma cidade que foi um dos primeiros a desbravar.

 

Reeder tem o fascínio do estrangeiro enquanto o filme tem a melancolia do tempo passado. Ficam sempre as ruínas - que na verdade são apenas transformações, metamorfoses de uma vida que será outra coisa - neste caso o mundo dos DJs e da cena "trance" em que o próprio foi se meter no início dos anos 90.

 

 

Os transes eletrónicos não são o fim, mas outro começo: antes deles os Einstürzende Neubauten de Bargeld andaram tocando sob as pontes, fazendo excursões pelas fábricas e ajudando a inventar o "rock" industrial; estavam em sintonia com os ingleses (os da cena de Sheffield, por exemplo), mas com algo diferente a propor. Num assinalável assomo de humildade, um músico de uma banda local admite: os Neubauten podem fazer sucesso em Inglaterra porque fazem algo novo, enquanto "o que eles fazem os Buzzcocks fazem melhor".

 

O inglês sai de Manchester: parece inacreditável que alguém, num dos períodos mais prolíficos da história do rock inglês (a Manchester do pós-punk do final dos anos 70) se sinta encantado a ponto de transitar por dias a fio até uma cidade desconhecida em busca de outra música que não a da sua cidade. Poderia ser estranho mas é muito normal: não podemos desejar aquilo que já temos, não podemos sonhar com aquilo que está ao nosso lado.

 

E com o que sonha Reeder deixa de ser, na mão do trio de realizadores, uma fantasia para ser a sua festa móvel – para utilizar o título pensado por Ernest Hemingway para descrever a Paris que não viveu (da Belle Époque) – numa nostalgia retroativa a qual Woody Allen compreendeu lindamente no estupendo Meia-noite em Paris. Começar nas paredes sujas do muro de Berlim dos 80 e terminar na França do século XIX não é um ato de autocondescendência gratuita: a melhor forma para B-Movie: Lust and Sound in West-Berlin fazer sentido é enquanto catalisador de reminiscências pessoais.

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por Roni Nunes às 01:02

Kino: 10 filmes para ver na Mostra de Cinema de Expressão Alemã

por Roni Nunes, Sexta-feira, 19.01.18

A Kino decorre entre 18 e 24 de janeiro em Lisboa no cinema São Jorge, com extensões a seguir para Porto (de 25 a 28 de janeiro no Teatro Municipal Rivoli e Cinema Passos Manuel) e Coimbra (de 14 a 16 de fevereiro no Teatro Académico Gil Vicente). O SAPO MAG escolheu dez dos filmes selecionados para dar uma ideia do que pode encontrar. Por RONI NUNES.

 

Galeria disponível em: https://mag.sapo.pt/cinema/atualidade-cinema/fotos/kino-10-filmes-para-ver-na-mostra-de-cinema-de-expressao-alema

 

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por Roni Nunes às 00:48

Artistas para todos os gostos e feitios: arranca hoje (18/01) o 15º KINO

por Roni Nunes, Quinta-feira, 18.01.18

Artigo originalmente postado em C7nema.

 

Publicado por  Roni Nunes

 

O mundo das artes nas suas diversas vertentes marca a 15ª edição da Mostra de Cinema de Expressão Alemã (KINO), que decorre em Lisboa, no cinema São Jorge e no Goethe Institut, entre 18 e 24 de janeiro. No Porto tem extensão de 25 a 28 (Teatro Rivoli e Cinema Passos Manuel) e em Coimbra de 14 a 16 de Fevereiro no Teatro Gil Vicente. A Mostra, uma das mais antigas de Lisboa, trás uma rara oportunidade para ver em sala projetos vindos de países como Alemanha, Áustria, Suíça e Luxemburgo.

 

Em conversa com o C7nema, a programadora Corinna Lawrenz falou sobre alguns dos filmes e temas da nova edição.

 

O filme de abertura é Wilde Mouse, obra estreada em competição na última edição do Festival de Berlim que é uma comédia negra sobre a burguesia – mais precisamente através da história de um crítico de música que perde o emprego e deseja vingar-se.

 

Também sobre artistas e vindo da Berlinale é Casting, trabalho que narra as desventuras de uma realizadora para escolher a atriz principal para um “remake” televisivo de As Lágrimas Amargas de Petra von Kant – clássico de Fassbinder. Segundo Corinna, “é um filme que, por um lado, reflete muitas das temáticas dos filmes de Fassbinder, como as relações de poder e da dependência que estão presentes no original. Por outro lado, este filme tem muito a ver com a atualidade no sentido em que aborda a forma como os atores relacionam as suas atuações com a sua vida pessoal”, diz.

 

 

Wild Mouse

 

O maravilhoso mundo da Berlim Ocidental

 

Com uma forte componente documental, é Berlim e a vastidão da sua cultura “underground” um dos fios condutores da KINO 2018. Um dos mais estimulantes é B-Movie: Lust and Sound in West-Berlin, onde aproveitam-se as filmagens do inglês Mark Reeder para mergulhar na parte ocidental da capital nos anos 80. Pelo caminho tropeça em Nick Cave, Blixa Bargeld, Keith Haring e até Christiane F. entre muitos outros artistas que tornavam a cena anos 80 pós-punk/industrial/eletrónica particularmente visceral.

 

Se Penso na Alemanha à Noite é mais meditativo: Romuald Karmakar fez um filme silencioso sobre música eletrónica, mais preocupado com o processo de criação e as componentes do universo dos músicos.

 

As “catacumbas” da cidade também aparecem sob uma perspetiva histórica em My Wonderful West Berlin, onde narra-se a trajetória da comunidade “queer” começando nos anos 60. A partir desta altura, Berlim oferece um raro refúgio a homens vindos de todas as partes do país numa altura em que as “práticas homossexuais” eram punidas por lei – cujas determinações só foram oficialmente abolidas em 1994.

 

My Wonderful West Berlin

 

A planar pela Alemanha afora e daí para além das fronteiras Joseph Beuys apresenta performances intrigantes, desafia as audiências e entra em enormes controvérsias políticas. A história de duas décadas dos seus trabalhos preenchem de forma algo anárquica e sem um fio condutor preciso o trabalho do cineasta Andres Veiel, fazendo jus ao “biografado”– em obra com previsão de estreia comercial em Portugal no final de janeiro.

 

Ainda do tempo em que o brilho dos artistas de vanguarda não os tinha levado tão longe, Egon Schiele faz parte da geração do início do século XX ao lado de nomes como Gustav Klimt. Egon Schiele – a Morte e a Rapariga (o título refere-se a um quadro famoso do pintor) é uma biografia mais tradicional sobre a vida do artista e a sua relação com uma das suas musas.

 

A luta pela emancipação das mulheres numa pequena aldeia suíça dos anos 70 em A Ordem Divina, obra que também terá estreia comercial por cá. O título refere-se à suposta “eternidade” da sociedade patriarcal – que, só nesta época, começa a ruir. A programadora observa que um dos pontos fortes do filme é retratar não apenas o machismo ou as alterações legais do estatuto da mulher, mas captar a ideia que forma esta sociedade e leva com que todos aceitem os seus preceitos como uma “ordem divina”.

 

 Dezassete

 

Novas perspetivas

 

A programadora da KINO destaca ainda dois projetos de jovens realizadores – justamente incluídos numa seção que pretende dar relevo a primeiras e segundas obras. É o caso de Herbert, projeto estreado no Festival de Toronto que trata da vida de um pugilista e cobrador de dívidas que subitamente vê seu mundo ruir devido à uma doença que lhe afeta os movimentos. “É um filme de estreia de um realizador de grande talento, o qual recomendo vivamente”, assinala.

 

A austríaca Monja Art mergulha no universo adolescente e lésbico emDezassete. Corinna explica: “O filme não tem propriamente uma historia, o ambiente e o dia a dia deles é que é muito bem conseguido. Todas as atrizes do filme, que são muito jovens, conseguem criar um ambiente de seriedade, numa idade onde tudo tem muita importância, por outro lado tem a leveza de um verão adolescente, a ligação entre as duas coisas é muito bonita…

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por Roni Nunes às 19:51


Comentários recentes

  • Cleber Nunes

    Sem dúvida é um filme que me despertou interesse ...