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Festa do Cinema Italiano 2018: Gatta Cenerentola

por Roni Nunes, Sábado, 07.04.18

Artigo originalmente postado no Sapo. 

Por Roni Nunes

 

11ª Festa do Cinema Italiano - Filme do dia:
 

Se Roberto Saviano transformasse a sua sombria denúncia de “Gomorra” numa animação com números musicais, ambientação futurista, nuanças de cinema “noir” e uma singular revisitação da história da Gata Borralheira, o resultado seria este filme.

 

A protagonista tem três anos quando o pai, um milionário visionário que queria trazer o progresso a Nápoles, é assassinado. Passados 15 anos, ela vive esfarrapada, movendo-se pelos interiores do navio que o progenitor havia construído na altura. Por todo o lado, hologramas – inventados por ele “para que a memória não se perca…”

 

Realizado por quatro cineastas (Ivan Cappiello, Dario Sansone, Marino Guarnieri e Alessandro Rak) num pequeno estúdio de Nápoles, o filme traz uma visão terrivelmente cáustica da sociedade da cidade, ainda que não se possa assumir todos os simbolismos literalmente. Assim, é um local marcado pela corrupção, pelo crime e, segundo uma música do filme, com habitantes ignorantes e a “habituados a viver na m*”. Quanto a Cinderela, o seu “príncipe” salvador é, na verdade, um nada encantado rei – do narcotráfico.

 

Conforme disse Alessandro Rak ao Cineuropa, a ideia foi não só dar um ar contemporâneo ao conto como manter os aspetos mais duros da história original, de Giambattista Basile, frequentemente eliminados nas versões mais açucaradas. O cineasta ajudou a pôr a Itália no universo da animação na Europa, onde França e Bélgica são as referências mais óbvias. Com “L'arte della Felicità”, de 2013, ele foi vencedor do prémio de Melhor Animação dos European Awards.

 

“Gatta Cenerentola” teve estreia na Orizzonti do Festival de Veneza e tem lançamento comercial previsto para Portugal. Recentemente, em Lisboa, foi escolhida pelo júri da Monstra como o Melhor Filme do evento.

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por Roni Nunes às 19:25

Monstra 2018: 10 filmes a não perder

por Roni Nunes, Sexta-feira, 09.03.18
Galeria disponível em: https://mag.sapo.pt/cinema/atualidade-cinema/fotos/monstra-2018-10-filmes-a-nao-perder
 
 
O maior festival de animação de Portugal arranca hoje (08/03) no cinema São Jorge, em Lisboa, e decorre até o dia 18. Diversos espaços abrigam a programação, entre os quais a Cinemateca Portuguesa. O SAPO Mag conversou com o diretor do festival, Fernando Galrito, e escolheu dez propostas imperdíveis. POR RONI NUNES.
 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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por Roni Nunes às 22:51

Estónia, Japão e o submarino amarelo: arranca hoje (08/03) a Monstra

por Roni Nunes, Sexta-feira, 09.03.18

Originalmente postado em C7nema.

Por Roni Nunes

 

Quase 600 filmes de 93 países e representando cinco continentes são o resultado de uma busca da diversidade que carateriza o maior festival de animação portuguesa. A Monstra 2018 abre oficialmente hoje (08/03) no cinema São Jorge, em Lisboa, depois de A Idade da Pedra ter sido exibida ontem como uma antestreia ao circuito comercial. O festival decorre até dia 18 e espalha uma panóplia de filmes e atividades paralelas por diversos espaços da cidade.

 

Para a sessão de Abertura ficou reservado a antestreia mundial de 4 Estados da Matéria, obra portuguesa de Miguel Pires de Matos, seguido de O Círculo, trabalho do país homenageado deste ano, a Estónia, e realizado por um dos seus cineastas mais conhecidos, Terje Henk. De assinalar ainda a possibilidade de conversar com Nick Park, o célebre animador dos estúdios Aardman responsável por obras comoA Fuga das Galinhas e Wallace & Gromit – A Maldição dos Homens-Coelho (em exibição no festival) num encontro com o público que ocorre no sábado, dia 10.

 

Diversidade

 

Em conversa com C7nema o diretor da Monstra, Fernando Galrito, salientou os princípios de humanismo e busca de diversidade que norteiam o certame. Segundo ele, o festival oferece um espaço privilegiado de encontros e partilhas que vão ao encontro dos mais salutares princípios humanistas – isto em tempos que este parece regredir.

 

Da mesma forma, a intolerância é fortemente combatida com uma programação que abrange uma vastidão geográfica em escala planetária. "Se conhecermos sociedades distantes da nossa, percebemos que apenas uma minoria promove a violência. A maioria deles quer partilhar o mesmo que nós, a sua cultura. Assistindo-se animações de outros lugares percebemos que eles não são tão diferentes de nós", observa.

 

Clássicos

 

 

Entre os clássicos do cinema de animação que a Monstra recupera estáSubmarino Amarelo, de 1968. Nesta aventura dos Beatles na Pepperland os "fab four" inspiram com uma das suas músicas mais famosas um filme único que é a cara do final dos anos 60 – com seus "slogans" de paz e amor e as cores fortes da psicodelia. "É uma espécie de tratado artístico, sociológico e político de uma época, uma obra que vale a pena rever", diz. Submarino Amarelo foi realizado por George Dunning e traz a estreia na animação de Paul Driessen, mestre belga que também estará em Lisboa e cuja nova curta-metragem, A Origem do Som, aparece na Sessão de Encerramento em antestreia mundial.

 

Já Belleville Rendez-Vous é uma das obras-primas de Sylvain Chomet. A história que liga desporto (a Tour de France) e abuso infantil tornou-se num dos filmes mais notórios dos anos 90. Conforme analisa Galrito, "do ponto de vista estético é muito forte e marca um quase 'lado cubista' de Chomet, carregado de influências musicais e muita inventividade".

 

Competição

 

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Breadwinner (A Ganha-Pão), que no início da semana era um dos cinco nomeados para o Oscar de Animação, abre a Competição. Conforme o diretor da Monstra, "é um trabalho tocante que tem a ver com os dramas que estamos a viver atualmente, abordando a questão dos refugiados, as diferenças de género ainda muito fortes em algumas culturas e as dificuldades económicas, que obrigam os mais pobres a usar a criatividade para sobreviver. Nos faz pensar muito sobre a vida atual".

 

Outros destaques da Competição são A Gata Cinderela, obra que aborda as profundas contradições da sociedade italiana atual, Tem um Bom Dia, sobre o choque entre o velho e o novo na China e, para todas as idades, trabalhos como Os Comedores de Meias, da República Checa.

 

Japoneses

 

 

Os japoneses serão objeto de três retrospetivas. Galrito faz as apresentações: "Mamoru Hosoda é um grande realizador e terá uma mostra com quatro filmes, onde um dos quais já ganhou um prémio na Monstra na nossa primeira Competição. Ele é da nova geração e sai um bocado fora do manga mais original. Todos os amantes de cinema de animação em geral, japonesa em particular, não podem perder".

 

Já Kunio Kato é o oscarizado responsável por A Casa dos Pequenos Cubos e traz "um novo olhar, mais fresco", enquanto Koji Yamamura tem trabalhado, ao longo dos últimos dez anos, a partir de músicas de grandes compositores. O cineasta terá retrospetiva com "três obras fabulosas" e estará em Lisboa para uma masterclass com membros da sua equipa de criação de Water Dreams.

 

De destacar ainda Gauche, O Violoncelista, trabalho de um dos criadores dos estúdios Gigbli, Isao Takahata, e nunca estreado em Portugal. "É um filme muito bonito de um grande mestre, que de certa forma fez a transição entre a banda desenhada e o cinema".

 

Estónia

 

 

Haverá quem não saiba onde fica este pequeno país do Báltico e uma das repúblicas da falecida União Soviética. Apesar da sua dimensão, no entanto, segundo Fernando Galrito é um dos grandes centros de produção de animação da Europa – construindo uma longa tradição iniciada em 1931 e fortalecida durante o período soviético. O país foi pioneiro no uso do 3D na animação de marionetas e sediou uma escola em constante renovação por sucessivas gerações. Além disto, o trabalho não se parece com nada feito nos Estados Unidos, na França ou no Japão. "É um cinema de grande personalidade, único. É mais fácil encontrar cineastas russos influenciados pelos estónios do que o contrário", conclui.

 

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por Roni Nunes às 19:36


Comentários recentes

  • Cleber Nunes

    Sem dúvida é um filme que me despertou interesse ...